O financiamento e as políticas públicas de saúde na Anestesiologia
A anestesiologia é uma das especialidades médicas que se desenvolve precipuamente dentro dos centros cirúrgicos de todo o país, e que possui repercussão sobre os dados de avaliação da segurança do paciente, em razão das mais variadas circunstâncias que envolvem as intercorrências anestésicas.
O sucateamento e a obsolescência das estruturas hospitalares retroalimentam a ineficiência na construção de dados e indicadores que viabilizem o repasse adequado de recursos, dificultando (e/ou mascarando) a criação de séries históricas que justifiquem o financiamento.
O registro das informações relativas ao consumo de insumos (medicamentos, materiais e equipamentos) e de serviços (médicos, enfermeiros, pessoal administrativo, etc.), bem como o monitoramento de sua qualidade, depende da disponibilização de adequada estrutura física (instalações, equipamentos, medicamentos e sistemas eletrônicos auditáveis), o que nem sempre se verifica na rede pública de saúde.
Ocorre que a disponibilização dos recursos públicos está diretamente vinculada à existência e à avaliação de informações consolidadas e confiáveis, que somente serão obtidas através do adequado registro, em plataforma unificada, que proporcione a rastreabilidade e o monitoramento de medicamentos, materiais, equipamentos e serviços consumidos.
Especificamente em relação aos procedimentos cirúrgicos e anestésicos, a adoção de registros centralizados e/ou compartilhados permitirá, também, o monitoramento dos eventos adversos e o atingimento dos objetivos da investigação em segurança do paciente propostos pela OMS, quais sejam: 1) Medir o dano; 2) Compreender as causas; 3) Identificar as soluções; 4) Avaliar o impacto; e 5) Transpor a evidência em cuidados mais seguros.
Portanto, a gestão eficiente das políticas públicas de saúde somente será possível quando as informações da saúde pública e privada estiverem consolidadas em uma única plataforma, que permita aos gestores identificar as lacunas de assistência e o planejamento da demanda em saúde da população brasileira, viabilizando que o investimento seja direcionado às áreas que demandem especial atenção dos entes públicos.
